segunda-feira, 28 de setembro de 2009

finalmente, a verdade

A figura em contraste com a luz avançou, permitindo que se lhe vissem as feições. Com uma mistura de alívio e surpresa, Filipe apercebeu-se que olhava para o pai. Instintivamente, correu para ele e abraçou-o. Subitamente embaraçado por aquele momento (afinal, já não era uma criança), desprendeu-se dos braços que o acolhiam, admirados e curiosos.

- A mãe e a Rita estã bem?, foi a primeira coisa que conseguiu dizer.
- Estão bem? Não estavam contigo em casa? - Filipe odiava quando lhe respondiam com uma pergunta, mas face à resposta inesperada do pai, nem reparou no facto.
- Não. Ainda não foste a casa? Alguém nos entrou em casa!
- Como?! Eu estava a caminho de casa quando te vi a correr como um doido para aqui, vim ver se estava tudo bem... Quem era a rapariga?
- É a Porno.
- Porno?! - inquiriu o pai, estranhando. Filipe corou antes de corrigir rapidamente.
- A Hannah, uma amiga de infância. Não a vês?

Virou-se para trás, e descobriu que estava a apontar para o vazio. Ao fundo da sala desgastada pelo tempo, uma porta meia solta balançava, denunciando a recente saída de Porno pelas traseiras. Encarou o pai estupefacto, e mais ainda ficou quando este se começou a rir.
- Tu e a tua irmã às vezes saem-se com cada uma que eu até acredito. Mas tiveste piada. Anda lá para casa.
Incapaz de dizer alguma coisa, Filipe seguiu o pai.

Passados cinco minutos de carro, em que o pai contava entusiasmado a nova aquisição da empresa, chegaram a casa. Filipe não se surpreendeu com a porta rebentada e os vizinhos que espreitavam, sem conter uma certa curiosidade mórbida. Foi apenas depois do Sr. Lima, o vizinho da direita, ter vindo dizer "Não se preocupe Sr. Melo, já chamamos a polícia", que o pai de Filipe olhou para o filho e disse:
- Faz o favor de me explicar já o que aconteceu aqui.

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